Victor Bertier

Entrevista – Victor Bertier

 

Hoje, de que forma a marca Bertier se assume no mercado?

A Marca Bertier assume-se de uma forma autónoma e distinta nos projetos comerciais e habitacionais, procurando descobrir o ADN do próprio cliente e do próprio espaço, o que move o cliente e o que espaço necessita. Tentamos projetar de forma tão detalhada ao ponto de a pessoa, quando entra no espaço, sentir-se conectada. As pessoas reúnem-se em casa em família, há um bom ambiente, mas uma percentagem desse bom ambiente é proporcionada através da ambiência material em si, dos itens, dos móveis e da decoração.

A Bertier distingue-se um pouco da Victor Bertier Design, como há 8 anos estamos a funcionar, assumindo-se como marca de referência de mobiliário e interiores. De forma diferenciada, realizamos projetos de interiores, habitações e projetos comerciais, tendo como foco o conforto. Hoje em dia, nesta fase do pós-covid, é essencial olharmos para as nossas casas como o nosso próprio refugio, e acaba por ser o nosso castelo que nos protege e protege os nossos, surgindo valores interessantes em cada uma das componentes dos itens que compõem uma casa ou um espaço e que vão definir um valor emocional perante a pessoa e o espaço onde possam passar horas a trabalhar ou apenas em casa, como foi o exemplo do confinamento.

 

Ao design de interiores aliam-se outros serviços como a produção de mobiliário personalizado, a decoração e o Home Staging. Fale-nos um pouco mais sobre cada um destes serviços.

Deixamos de usar a palavra “personalizado” e passamos a criar uma identidade própria a cada peça e a dar vida ao próprio móvel. Preferimos usar o critério da criação de uma peça para o utilizador com um pouco dele e da sua personalidade. Este é um nível que vai além da estética ou função, abrangendo o valor e a ligação emocional.

Começamos a pensar o projeto pelo espaço e pela localização de cada peça, e mais importante do que o conceito geral, é seguir uma linha condutora de todo o espaço com a personalidade de quem o usa: “o utilizador”.

Acabamos por fazer um pouco do Home staging em algumas situações, mas acabamos por fazer um refresh em alguns casos, com implementação de algumas peças com um valor sentimental que os clientes pretendem manter, mas de forma a respeitar o budget e o conceito que o espaço e o utilizador nos passam como informação e necessidades.

 

A unidade criativa da Bertier desenvolve projetos de raiz, apresentando um sempre um estilo muito próprio nos seus projetos e mobiliário. O que o inspira e motiva diariamente?

O Cosmos é, sem dúvida, uma inspiração, acabando por definir um pouco as estratégias e a identidade da Bertier. O facto de explorar o desconhecido sob forma conceptual – existe uma imensidão do desconhecido do qual fazemos parte, levando-nos a refletir sobre o quão pequenos somos –  tem como objetivo melhorar o estilo de vida da humanidade conectando-nos para um conceito do qual fazemos parte, através de outras inspirações, como o mundo quântico. Existem elementos que se conectam por algum motivo. Uma das inspirações são as landsapces das paisagens esculpidas pela erosão da natureza que se assumem como artistas do nosso planeta, e, claro, o som inspirador que nos conecta a um storyteling. A música, a história e o design acabam por definir a Bertier.

 

“Cosmos” é um conceito da nova linha criada pela Unidade Criativa da Bertier – Ambientes e Mobiliário. O que representa para si esta nova linha?

Para mim, como indivíduo e como designer da Bertier, significa um acrescento de um puzzle de uma longa história que foi sendo criado durante estes anos todos. É um início desta história que foi criada com 14 anos de idade, à qual o assunto e o conceito cosmos pertencem. Ao longo do tempo, as peças que vamos criando, pertencem também à história global que se vai ramificando sob o mesmo conceito, uma concretização que eu próprio vivo num mundo tridimensional em que tento imaginar um outro modo de viver, outro modo de estar, mas no mesmo presente, porque se tivermos agarrados só ao passado e às tendências não há nada a quebrar barreiras neste segmento. Neste sentido, o conceito Cosmos leva-nos a refletir sobre essa matéria de forma a influenciar o pensamento para além de barreiras e fronteiras e a materialização do desconhecido.

 

Não pretendem seguir tendências e no vosso trabalho está constantemente presente o esforço de reinventar. Que projetos têm neste momento em cima da mesa e que possam ser revelados?

Sim claro! Sofremos neste momento de ansiedades e quase repentinas, estamos a trabalhar projetos que vão estar aliados a este conceito que, entretanto, se vão ramificar. Vai ser interessante, pois vão servir de ligação para contar a história final, mas que ao longo da criação das próprias peças se vão interligar e comunicar no futuro com o próprio utilizador, através do som e através de outras maneiras que estamos a imaginar. Portanto, projetar nesse sentido vai ser bastante interessante, é um projeto a médio e longo prazo que estamos a criar e vamos revelando à medida que a ramificação tenha sentido de ser revelada.