EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIOS EM ARADA
O edifício resulta da necessidade de criação de dois escritórios, com utilização eventualmente autónoma, mas que permitam uma ligação interna, pensando na eventual fusão dos dois espaços.
Apesar do programa ser de vertente comercial, a necessidade de despoluição, de regresso à essência, a uma espécie de pureza que permite, sem afetações iniciais, pensar, conceber e produzir novos espaços, condicionou esta escolha que, contrariamente à maioria dos espaços de serviços, não se localiza num centro mais urbanizado. O resultado procura, no entanto, ser mais do que um somatório, uma ideia de formulação que expõe, sem receios, a crueza da essência como um caminho possível, a honestidade das formas simples, expostas sem filtros, um objeto de fácil apreensão e simultaneamente de complexidade insinuada num jogo que acentua o dinamismo, pela diferente rotação dos volumes, a sua diferente altimetria e exposição solar, pelos jogos de luz/sombra que provoca, pela aparente ambiguidade de como se mostra, ora exposto na formulação volumétrica ora reservado na ligação funcional que estabelece, filtrada, com a envolvente próxima. O edifício, esse, imutável, vai-se moldando muito mais lentamente e, quanto muito, poderá acusar as patines próprias da sua exposição às condições climatéricas que, a par da longevidade que vai tendo, influem no seu aspeto. A aparente ligeireza do gesto é contrária à resistência da obra no tempo, o que por si só também revela uma certa tensão – a obra parece, mesmo assim, ter resultado de um ato repentino, pouco refletido, quando na verdade, esta simplicidade resulta de um sucessivo desprendimento de artifícios usados mais comummente noutras circunstâncias, sendo por isso, o resultado de um longo processo de amadurecimento e reflexão.