AICEP e o mercado alemão

 

AICEP e  o mercado alemãoAICEP e o mercado alemão

A AICEP, Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal é uma entidade pública com a missão principal de promover a internacionalização das empresas portuguesas e apoiar a sua atividade exportadora.
Durante a Domotex, em Hanôver, estivemos à conversa com o Dr. Rui Boavista Marques, Delegado da AICEP na Alemanha onde debatemos os desafios e oportunidades no mercado alemão.

Como avalia as relações econômicas entre Portugal e Alemanha atualmente?
As relações bilaterais entre Portugal e a Alemanha são muito positivas, não havendo nenhum problema identificado e estando os dois países muito frequentemente do mesmo lado das soluções políticas e sociais, quer a nível europeu quer a nível internacional. Do ponto de vista do relacionamento económico a Alemanha continua a ser o principal investidor industrial em Portugal, destacando-se querem investimentos de grande dimensão como a Autoeuropa/VW, a Siemens e a Bosch, mas também outros mais pequenos, mas igualmente interessantes como a Team Viewer, a BMW e a Mercedes.Benz.io, com centros de competências digitais. De relevar que a nível das exportações de bens e serviços, o ano passado representa um recorde máximo, a pender para Portugal que exportou 13 019 mil milhões de euros, e importou 12 758 mil milhões de euros (janeiro a novembro de 2023). É a primeira vez que o coeficiente de cobertura das exportações sobre as importações ultrapassa os 100%. Quero com isso dizer que continuam a existir muitas oportunidades para as empresas portuguesas crescerem ou consolidarem, no maior mercado europeu.

Quais são as oportunidades de investimento na Alemanha para os empresários portugueses e como é que o AICEP facilita e promove estas oportunidades?
Não seria exagerado dizer que existem oportunidades em quase todos os sectores. A AICEP praticamente duplicou os apoios à internacionalização das empresas através do Sistema de Incentivos à Internacionalização de Projetos Conjuntos, em 2024, para um total de 65 milhões de euros. Se tiver em conta que a Alemanha absorve 30,2% destas verbas, é fácil de perceber a intensidade do investimento promocional, neste mercado, que continua a ser plataforma, para várias regiões do Mundo. É interessante também mencionar que a maior fatia do investimento total corresponde a projetos das indústria têxteis, vestuário e calçado (36,8%), da madeira, cortiça e mobiliário (22,1%), materiais de construção (14,3%), agroalimentar (13,5%) e metalurgia / metalomecânica (8,1%).

Com base na sua experiência como avalia a participação portuguesa nas feiras alemãs como a Heimtextil, Domotex, IMM Colonia, e Ambiente ?
As feiras alemãs têm sido a plataforma internacional de muitas empresas portuguesas nestes sectores. Claro que uma empresa se deve questionar se a presença através de uma participação física, e com um stand, é viável ou rentável, face ao seu orçamento promocional. Mas na prática, apesar de verificarmos que após a pandemia COVID, os preços da participação nas feiras, nem a dos hotéis nas cidades alemãs, não baixaram, as empresas continuam a optar por virem às feiras. E há muitas mais que só vêm visitar a feira, sem um stand. Os dados que temos na Delegação, é que no ano passado, pelo menos 1.604 (daquelas que nós acompanhamos), participaram em quase 200 eventos comerciais na Alemanha, utilizando comparticipação de fundos públicos.

Quais os principais desafios e oportunidades que os portugueses enfrentam ao expandir para o mercado alemão?
Os principais desafios são seguramente a concorrência de outras geografias (serve de exemplo, mencionar que a maior comunidade turca, fora da Turquia, vive em Berlim), uma vez que os nossos produtos primam pela qualidade e preocupações ambientais. Um outro desafio, por exemplo nos bens de consumo, é o fato de o consumidor alemão ser muito permeável ao fenómeno do “discount”. Já em termos de oportunidades, existe a franca vantagem de que se conseguirmos exportar para a Alemanha, então estamos preparados para os mercados mais exigentes e difíceis.

Para terminar, que mensagem gostaria de deixar aos empresários portugueses que não conhecem este mercado?
Para os empresários que não conhecem o mercado alemão eu gostaria de dizer que não se afugentem, porque o mercado pode ser difícil, pela língua e pela dimensão, mas que hoje em dia existem abordagens ao mercado que consideramos híbridas, no sentido em que a componente digital é cada vez mais importante, e a AICEP tem apoios concretos para este tipo de afirmação internacional. E enfim, dizer que a AICEP existe para os apoiar também.

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