Heimtextil 2026: onde o artesanato e a inteligência artificial se encontram

De 14 a 17 de janeiro de 2025, a Messe Frankfurt, na Alemanha, volta a receber a Heimtextil — o grande ponto de convergência entre tradição e tecnologia, criatividade e estratégia.

 

Heimtextil 2026: onde o artesanato e a inteligência artificial se encontram
Créditos: Magdalena Gredel

A edição de 2026 reafirma o papel da feira como referência mundial para o setor têxtil e de design de interiores, num momento em que a indústria procura estabilidade, visão e inovação. Sob o mote “Lead the Change”, o evento propõe-se a transformar desafios globais em oportunidades de crescimento — através de uma curadoria que une estética, sustentabilidade e inteligência artificial.

Num cenário marcado por instabilidade económica, inflação e novas exigências dos consumidores, a Heimtextil posiciona-se como um porto seguro e, ao mesmo tempo, um motor de transformação. “A Heimtextil traduz movimentos sociais em oportunidades de negócio tangíveis”, afirma Olaf Schmidt, Vice-Presidente de Têxteis e Tecnologias Têxteis da Messe Frankfurt. Mais do que um evento de exposição, a feira assume-se como um espaço de conhecimento e partilha, onde mais de 3.100 expositores de 65 países apresentam soluções que cruzam inovação, artesania e consciência ambiental.

Entre o feito à mão e o digital

O coração da edição de 2026 bate ao ritmo das Heimtextil Trends 26/27, desenvolvidas em parceria com a plataforma Alcova Milano. Sob o tema “Craft is a verb”, as tendências mergulham no encontro entre o artesanal e o tecnológico, entre o gesto humano e o algoritmo. É nesta tensão fértil que nasce o “techno-artesão” — criador que usa a IA não como substituto, mas como extensão do seu processo criativo.

A paleta cromática espelha este diálogo: tons terrosos e orgânicos — argila, areia, musgo e casca de árvore — são interrompidos por notas artificiais e vibrantes, como verde ácido, lilás digital e azul de ecrã. Um contraste que simboliza a convivência entre o natural e o sintético, entre a imperfeição e a precisão.

Entre as seis tendências principais, destacam-se a Re:media, onde desenhos manuais ganham nova vida digital; Visible Co-work, que mistura código e bordado; Sensing Nature, inspirada em ritmos naturais traduzidos por algoritmos; e Crafted Irregularity, que celebra a beleza do imperfeito. Em comum, todas revelam um futuro onde a IA amplia a criatividade humana — sem a substituir.

Espaços que despertam os sentidos

A Heimtextil volta também a celebrar o design como experiência. Um dos pontos altos será a instalação “Among-All”, criada pela arquiteta e designer Patricia Urquiola, no Hall 3.0. O espaço convida à pausa e à contemplação, propondo uma imersão sensorial onde o têxtil é tratado como elemento emocional e sustentável. Aqui, forma e função fundem-se para ilustrar como a inteligência artificial pode servir o bem-estar humano — e não o contrário.

Um ecossistema global de design

A edição de 2026 reforça as suas áreas temáticas com hubs dedicados ao contract business, hotelaria, saúde, design de interiores e descanso. O novo espaço Sleep & Meet, criado em parceria com a Associação Alemã da Indústria de Colchões, aproxima marcas e compradores num ambiente de partilha e experimentação. O segmento de carpetes e pavimentos ganha maior expressão, com quatro níveis dedicados a soluções têxteis e não têxteis, enquanto a área Interior.Architecture.Hospitality oferece uma biblioteca de materiais e um espaço de conversas para arquitetos, decoradores e designers.

Em cada corredor, percebe-se o mesmo propósito: fazer da inovação um ponto de encontro, onde a tecnologia amplia o sentido humano do design e onde a estética se alia à função.

Entre o algoritmo e o gesto

No fim, o que a Heimtextil 2026 propõe é mais do que uma feira — é uma visão. Uma visão onde a inteligência artificial e o artesanato coexistem como forças complementares, moldando o futuro do têxtil e do design de interiores. Entre a precisão da máquina e a emoção da mão, entre o cálculo e o instinto, nasce um novo paradigma criativo: um mundo em que a tecnologia não apaga o humano — apenas o amplifica.