Estudo revela que para a generalidade dos portugueses as condições de habitação estão longe de serem ideais
Apenas 29% dos portugueses estão totalmente satisfeitos com a casa onde vivem – preço e custos com despesas associadas contribuem para o descontentamento.
A habitação em Portugal tem sofrido transformações profundas nos últimos três anos, impactadas por uma crise sem precedentes no setor. De acordo com os Censos de 2021, 70% dos alojamentos familiares clássicos são ocupados por proprietários como residência habitual, enquanto 22% se destinam ao arrendamento e os restantes 8% a outras finalidades.
À luz desta conjuntura, o novo estudo do Observador Cetelem, marca comercial do grupo BNP Paribas Personal Finance, dedicado à Renovação Energética da Habitação, avaliou a perceção dos portugueses sobre o alojamento e apurou que apenas 29% da população está totalmente satisfeita com a casa onde vive.
As áreas onde se verifica menor satisfação são os custos dos encargos adicionais com a habitação, com apenas 17% dos inquiridos totalmente satisfeitos, o desempenho energético (17%), o modo de aquecimento (20%) e o preço da habitação (30%). Já a localização é a área onde a satisfação total é mais elevada (48%), seguido da proximidade de espaços verdes (42%), de lojas e serviços (40%).
Arrendatários mais insatisfeitos do que proprietários
O estudo revelou ainda diferenças marcantes entre a opinião de proprietários e arrendatários. Quando o tema é o orçamento familiar, um terço dos arrendatários afirma ter dificuldades em gerir os custos de habitação, contrastando com 85% dos proprietários que consideram conseguir fazer uma gestão adequada. Entre as principais razões encontra-se o custo do alojamento: 91% dos proprietários sentem que o valor que pagam é justo, apesar de apenas 33% estarem totalmente satisfeitos, ao passo que um terço dos arrendatários demonstram insatisfação.
Sobre o estado do imóvel, enquanto 34% dos proprietários estão satisfeitos, poucos dos arrendatários partilham essa opinião, com muitos a sentirem que necessita de melhorias. Mais de 30% dos arrendatários mostram-se mesmo insatisfeitos por não ter a possibilidade de transformar o alojamento de acordo com as suas necessidades e 40% mostram descontentamento por não poder fazer transformações a nível energético. A insatisfação dos arrendatários também ultrapassa um terço quando se fala na impossibilidade de realizar obras.
Cerca de 50% dos arrendatários querem mudar de casa
Quando olhamos para o futuro, cerca de metade dos arrendatários tenciona mudar de casa, comparativamente com apenas 17% dos proprietários – com 84% destes a apontar que pretendem conservar a sua casa a longo prazo, não só por ser património que querem transmitir às futuras gerações (86%), mas também por o considerarem um investimento seguro (87%).
Apesar das diferenças entre arrendatários e proprietários, o estudo mostra que o preço é, para 82% dos inquiridos, o critério que consideram mais importante quando escolhem um alojamento. Seguem-se fatores como a localização (64%), a necessidade ou não de obras (64%) ou os custos das despesas associadas com habitação (55%). A maioria indica também que, atualmente, na escolha de habitação, tem ainda em conta os custos potenciais relacionados com a fatura energética (55%), a dimensão (52%) e a classe energética da habitação (50%).
Preocupações relativas à habitação transversais na Europa
Os dados do estudo, que inquiriu cidadãos de oito países europeus, incluindo Bélgica, França, Alemanha, Itália, Polónia, Espanha e Reino Unido, permitem concluir que muitos destes desafios com habitação são semelhantes em vários países europeus.
À semelhança dos portugueses, são poucos os europeus que manifestam estar totalmente satisfeitos com a sua casa (33%), apontando como principais motivos igualmente o montante que pagam mensalmente e outras despesas associadas à habitação. Por outro lado, 35% dos cidadãos dos países europeus inquiridos revelam preocupações e dificuldades na gestão das suas despesas familiares, refletindo uma realidade comum e desafiante em diferentes países no contexto atual.